domingo, 14 de novembro de 2010

SACRIFÍCIO AOS DEUSES CANIBAIS

É profundamente revelador esse momento da história , de uma sociedade globalizada vivendo um momento de renascimento e descobertas. Momento de desconfiança justificado pelas teorias conspiratórias e revelações de informações confidenciais, coisas que o dogmatismo impede que se discuta “verdades acabadas”, “mistérios da fé”. Como ficou visível o poder da Igreja que sobrou do Império Romano, em criar uma imagem misteriosa da figura de Jesus, um homem que deve ter sido especial como Sócrates, Buda, Pitágoras, e outros que fizeram a diferença com sua idéias, nunca esquecidos. Que diferença faz que um homem tenha sido casado e gerados filhos, se isso era permitido entre os judeus? Mas “O código da Vince” traz uma trama conspiratória envolvendo Maria Madalena e Jesus Cristo, e figuras como Leonardo da Vince, que participando de sociedades secretas, saberiam detalhes desconhecidos da história. Mas a vida de Leonardo, um pouco estranha, para nós, pois viveu solteiro e cercado de história de pederastia, amante de rapazes como os gregos. Talvez por isso, as suposições e detalhes estranhos deixados em alguns quadros, como “ A Última Ceia”, fartamente comentados no livro e no filme, ficou apenas como algo exótico.
Mas a coisa não fica por aqui. Sem querer, lendo um livro sobre os ensinamentos do russo George Ivanovitc Gurdjieff , fiquei surpreso com um trabalho inacabado de outro artista: o sonho da vida humana, de Michelangelo, um esboço que representa o sono da inconsciência humana, do qual somos vítimas por toda a vida. No quadro um anjo sopra uma trombeta no ouvido de um homem adormecido, bem como outros pequenos detalhes significativos. Ora, só algumas pessoas compartilham essas idéias ou conhecimento sobre “inconsciência”, “estado superior de Vigília”, do ”homem desperto”, que nos remete ao fato de que um grupo de pessoas guardam informações e conhecimentos, como certos artistas, no caso do Leonardo da Vince e Michelangelo. Aliás, qualquer pessoa pode ver esse quadro na Web
.

Bilhões de seres humanos se reproduzem automaticamente como robôs programados, como a grama, formigas ou baratas. Embora tenhamos algo diferente dos outros animais. Querendo viver para sempre, achando que a vida é um parque de diversões, que felicidade é não sofrer, comer, brincar, “curtir” a vida. E a morte? Não devemos nos preocupar pois somos filhos de um Deus bondoso que nos permite tudo, inclusive matar e devorar tudo o que se move na Terra.
Para preparar um acolhida no céu devemos participar de uma religião, pagar o dizimo e ser abençoados, evitando o inferno e as armadilhas do Diabo. Isso é Inconsciência, esse agir mecânico. Muito parecido com um termo usado em Filosofia, as “ideologias”, usadas por grupos econômicos para a dominação e controle social, na construção da selva urbana do capitalismo.
Outro simbolismo revelador como “o sonho da vida humana”, é a “escada de Jacó” do Genesis, mostrando que devemos acordar para ouvir os anjos, subindo os níveis da consciência. É o anjo de Michelangelo buzinando no ouvido de Jacó – Despertai !
Há conhecimentos que devem ser relembrados, como os sacrifícios de animais e seres humanos, presentes em alguns livros da Bíblia: Caim, Abel , Noé, Jacó, sacrificaram para agradar a divindade, o comercio de animais para os sacrifícios no tempo de Jesus. O sacrifícios de humanos, por diversos povos da Terra, inclusive pelos Astecas, Maias, do Novo Mundo. Até mesmo nos dias atuais, há pessoas assassinando em rituais de magia negra, em pleno século 21. Para entender essa prática imemorial: “Quando qualquer coisa morre, uma grande quantidade de energia é liberada”

. Sacrificar é praticar magia, não sei se é branca, negra, azul ou verde. Os rituais de sacrifícios estão relacionados a intenção de evocar criaturas astrais, divindades, liberando algum tipo de energia ao matar uma criatura, derramar seu sangue. Então, é verdade que produzimos algum tipo de energia com nossas vidas sem sentido? Ou o sentido de nossas vidas é ser produtores dessa energia. Afinal, os Elohins plantaram um jardim para produzir o quê? Nele havia criaturas vivas: animais, peixes, aves, plantas, árvores e seres humanos. Sou fazendeiro, ou criador de galinhas, ou qualquer outro animal doméstico. Para quê, os humanos escravizam as outras criaturas? Para servir de alimento, todo mundo sabe. Porque será difícil entender que o Jardim bíblico cultiva seres que deveriam alimentar o planeta com suas emanações?
Somos produtores de Lush, Akoskin, uma energia que nutre alguma coisa no Universo. A própria Terra e os Planetas, também seres vivos, produzem essa energia. Mas não é um vampirismo gratuito, porque o próprio universo se alimenta de si mesmo, isto é, autofágico. As relações do planeta com suas criaturas são simbioses: devorar e ser devorado.
Se você pensa que os sacrifícios é uma pratica do passado. Acorde, porque a principal idéia ou “mistério” do Cristianismo, é o “Cordeiro de Deus”, sacrificado no Calvário para salvar os pecadores e toda a humanidade, os “escolhidos”, sei lá, do inferno. O principal dogma do Cristianismo é o sacrifício de um homem-Deus, Jesus, supostamente o Cristo esperado pelos judeus, na língua deles “o Messias”, o Ungido. Que quantidade de energia produziria a morte de um “filho de Deus”, ou de um Deus? O suficiente para quebrar as portas do Inferno, segundo o dogma Cristão.
Há uns trinta anos passados, quando era estudante do Ensino Médio, numa escola pública, uma colega “evangélica”, para impressionar os colegas católicos, contou um fato ou invenção de algum pastor fanático, que alguém presenciou uma mulher na Índia com duas crianças, uma sadia e a outra doente. Acontece, que a mulher estava provavelmente numa margem do rio Ganges, para fazer um sacrifício: ia sacrificar a criança sadia para salvar a que estava doente! Que horror, que barbarismo, coisa terrível que jamais um cristão faria.
Quem foi que disse, Cara Pálida! O principal dogma do Cristianismo é exatamente o que a mulher do exemplo infame : Deus teria mandado seu Filho, sadio, bondoso, para morrer, ser sacrificado, para salvar os pecadores, doentes mentais do planeta Terra, que “não sabem o que fazem”, porque vivem na Inconsciência.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CASTANEDA: Metafísica dos Feiticeiros

Foi na faculdade que pela primeira vez ouvi falar da “Erva do Diabo”, de Carlos Castaneda , no final da década de setenta . Nessa época tinha lido um livro muito importante para toda uma geração: “O Despertar dos Mágicos”, que se completaria com “O Livro dos Danados”, de Charles Fort, precursor de todo esse movimento de procura de sentido das coisas da Natureza, e também de descoberta, desconfiança da racionalidade, que tomou conta do mundo depois da Revolução Francesa, e com a Revolução Industrial. Houve no Brasil, nos Estados Unidos, e na Europa, uma onda de dúvida e incertezas do tipo, “estamos sós no Universo?”, surgindo o que ficou conhecido como “Ufologia”, e “Realismo Fantástico”. Por muito tempo passei a observar os céus e buscar informações em jornais, revistas, livros, na TV, sobre “discos voadores”, e fenômenos estranhos e desconcertantes, coincidências absurdas. Mas, foi com Castaneda, e nos livros de Teosofia, na literatura esotérica, já formado em Filosofia, e depois de passar e analisar várias experiências pessoais, como o “falso despertar”, “projeções da consciência”, e beber o chá da União do Vegetal, mais recentemente, que encontrei uma profundidade muito maior que a busca de extraterrestres, de Ets, e Ufos.
Sem dúvida alguma a obra literária do antropólogo americano, já falecido, Carlos Castaneda, aprendiz de feiticeiro do velho Xamã tolteca Dom Juan Matos, traz uma contribuição importante através de seus livros, para a elucidação de uma metafísica esquecida, de um tempo que a humanidade também esqueceu. Toda a literatura chamada "ocultista", ou “esotérica”, tenta repassar conhecimentos estranhos, cabalísticos, e de certa maneira incompreensíveis, exatamente por falta de um fio condutor entre o pensamento místico de uma civilização desaparecida e a nossa, cristã e racionalista ocidental. De todas as maneiras se buscou enterrar no esquecimento o mundo dos magos pré-cristãos, como relata o romântico "Brumas de Avalon", da escritora Marion Zimmer Bradley, que mostra a vitória do Cristianismo sobre as antigas religiões nas ilhas britânicas. Infelizmente a força civilizadora trazida pelos padres esmagou as fontes de informação, destruiu monumentos e templos, assimilou rituais, desfigurados, em roupagens cristãs como o Natal e as Fogueiras de São João, antigo ritual de um deus esquecido. Mas o pior de tudo foi ter favorecido o surgimento de uma cultura racionalista caolha, ignorante de si mesma. Conseqüentemente, passamos a viver sobressaltados num mundo misterioso e mal assombrado por deuses, diabos, almas, discos voadores, ETs, vampiros e políticos corruptos.Como o Cristianismo não tornou o mundo melhor em dois mil anos, hoje os ateus são as pessoas mais sensatas no mundo contemporâneo, por que não acreditam num Deus pessoal, Onipresente e Bondoso.
Daí se faz necessário uma arqueologia do pensamento mágico tornado marginal, oculto, isto é,“ ocultista”. Pela castração cristã na Idade Média. Pessoas como Gurdjieff, Dion Fortune, Helena Blavatsky, Gerard Encausse, Eliphas Levi, Guaita, Fulcanelly, Lobsang Rampa, esse último um suposto monge tibetano tão polêmico quanto Castaneda e seu benfeitor Dom Juan. São rastreadores do mundo da feitiçaria e dos Antigos Videntes, dos Magos da Mesopotâmia, do Egito. O que eles possuem em comum é a fome de elucidar a metafísica dos nossos antepassados, de outras humanidades, que tiveram uma intimidade maior com o mundo, mas que desapareceram tragicamente, ou ate mesmo naturalmente.
O ponto de encontro do universo mítico descrito por Castaneda, com outras cosmovisões ocultistas, é exatamente a totalidade do Ser na explicação dos feiticeiros pré-colombianos, magos que viveram num passado remoto. A grande descoberta feita pelos antigos videntes foi o domínio da consciência e de que a razão da nossa existência e de todos os seres, é o desenvolvimento e sobrevivência dessa consciência.
Que os seres humanos , na visão dos feiticeiros, são divididos em dois lados, o direito que é o Tonal, englobando tudo o que o intelecto pode conceber, e o lado esquerdo chamado Nagual, que é um reino de aspectos indescritíveis, algo impossível de ser compreendido com palavras, mas que é manipulado criminosamente, por espertalhões na produção de "milagres", e curas. Seitas evangélicas que lotam o Macaranã fazendo “terapia de grupo” com pessoas desesperadas, prometendo prosperidade e salvação, em nome de Jesus Cristo, promovido de Filho de Deus, no próprio Senhor Deus . Em nome da Fé cega, arrecadam sacos de dinheiro. O Nagual é o lado misterioso, divino e poderoso da consciência, que produz e torna possível esses milagres.
A RAZÃO É O TONAL
"O tonal é tudo o que somos e tudo o que conhecemos. É tudo o que sabemos, nós e o mundo. Isso porque ele é o grande organizador, que dá ordem ao caos do mundo. Tudo quanto sabemos e fazemos, como homens, é obra do tonal". Em outras palavras, é a consciência racionalista, o reino da Razão. Nossa civilização atual está sendo dominada quase exclusivamente pelo tonal. O problema é que o tonal se parece muito com uma ilha, isto é, limitado por todos os lados. "Não pode criar nem modificar coisa alguma, e no entanto faz uma representação do mundo porque sua função é julgar, avaliar e testemunhar". Daí a impossibilidade de buscar entender os mistérios da existência pela Razão, pelo tonal.
Por sua vez, o Nagual "é a parte de nós com a qual não lidamos de todo. Quando nascemos e por um certo tempo somos todos nagual. Depois é que aparece o tonal, como necessidade e complemento para podermos funcionar. E o tonal acaba por dominar o nagual e nos tornamos completamente tonal. Mas é o Nagual que tem consciência e sabe de tudo". Nele estão contidas as duas memórias, todas as respostas.
Na visão da feitiçaria deve-se apreender o mundo e não buscar entender racionalmente, como fazemos hoje. Isso é obra do tonal. Talvez por esse motivo Carlos Castaneda abandona a preocupação cronológica a partir do quarto livro em diante, deixando de ser racionalista. Também as plantas de poder ficam em segundo plano, deixam de ser importante, porque o uso delas foi um dos tantos processos usados pela humanidade antiga para conhecer o mundo, alterando ou intensificando a consciência. Mas sempre usadas na forma de rituais e jamais banalizada como fazem os viciados em drogas. O papel dos alucinógenos no aprendizado de Castaneda,com Dom Juan, era permitir o contato com seu Nagual, o mais profundo da sua consciência. Só depois de muitos anos é que compreendeu que tinha na verdade dois mestres ou benfeitores, Dom Juan que lidava com seu lado Tonal e Dom Genaro, que trabalhava com seu lado Nagual.
Durante mais de dez anos teve um aprendizado dirigido para o autocontrole da segunda atenção dominada peio Nagual. Esse nível intensificado da consciência é um estado de elevada conscientização do lado esquerdo, em oposição ao lado direito, representando o nosso normal, o tonal. Primeiro o feiticeiro Dom Juan usou alucinógenos, as plantas de poder, como o mescalito, para chegar a percepção do nagual, e conseqüentemente a segunda atenção, que ele chamava o lado esquerdo da consciência. Num momento mais avançado abandonou o uso das plantas e partiu para técnicas como a “arte de sonhar", "espreitar", num desenvolvimento natural dessa segunda atenção. O que de certa maneira pode ser, grotescamente , o que fazemos em técnicas de observação para projeções da consciência.
Q PRESENTE DA ÁGUIA
Todas as religiões e qualquer escola ocultista, busca organizar o “outro mundo", isto é, um sistema de representações, cosmovisão, que passa a ser "a verdade absoluta" para seus adeptos ou seguidores. Os cristãos católicos e evangélicos protestantes, de uma maneira geral, por exemplo, acreditam na existência de um Deus Criador e em Jesus Cristo como seu Filho, algumas seitas idolatram Jesus como o próprio Deus; que existe o céu e o inferno, demônios e o Diabo, responsáveis pelas desgraças humanas, enfim, uma vida eterna após a morte.
Por sua vez, os Gnósticos europeus e Ocultistas, se baseiam na visão de que somos criaturas sem alma, mas com uma somatória de egos que ofuscam nossa verdadeira centelha divina, eu diria, o nagual da feitiçaria... Daí eles partem para a construção de um corpo solar, pela transmutação, adotando uma psicologia revolucionária , o “trabalho”, para eliminar os egos. Não construir essa alma, esse corpo solar, implica em passar pela segunda morte.
Já a fórmula indiana do Movimento Hare Krishna, várias vezes milenar, tudo está centralizado na certeza de que somos criaturas presas num sistema de retorno constante, de acordo com o Karma. As vezes nascemos nos sistemas planetários superiores, como semideuses, e outras nascemos como gatos e cachorros, ou vermes no excremento. Nossa única maneira de parar esse ciclo é atingir o nível de consciência divina, ou de Krishna. Para isso fazem uma meditação permanente de adoração, repetindo milhares de vezes por dia , o mantra Hare Krishna, onde cantam o nome de Deus. Assim o bakta lembrará de Krishna no momento de sua morte, e isso o libertará do renascimento..
Na organização do mundo da feitiçaria de Dom Juan, descrita por Castaneda, aparece a auto-estima como um monstro de mil cabeças, egomania um tirano real que "priva o homem o seu poder". O poder que governa o destino de todos os seres vivos é uma Águia Negra incomensurável do tamanho do infinito. É a fonte criadora de todos os seres sencientes, para que estes vivam e enriqueçam a consciência. Por outro lado, a Águia devora essa consciência enriquecida depois que ela é abandonada no momento da morte dos seres.
Todos, inclusive os humanos, vivem para alimentar esse ser criador, que está constantemente devorando a consciência de todas as criaturas já mortas, flutuando em direção ao seu bico para a segunda morte. Acontece que ela concede um presente a cada um desses seres: se manter sua chama de consciência terá a oportunidade de escapar e encontrar a liberdade.
Essa alegoria da Águia, pois na verdade o que existe é algo que nenhuma criatura viva pode compreender,o Absoluto, também está presente nos mitos dos índios brasileiros do Xingu, onde se diz que os mortos devem escapar dos pássaros e do Gavião devorador de almas. Assim, o objeto metafísico do feiticeiro. é manter a chama da sua consciência para não ser consumido numa segunda morte, isto é, ser devorado pelo ser criador, seja Deus ou o Absoluto, a Águia Negra ou o Grande Gavião. Sobreviver é o presente da Águia.
Daí, toda a metafísica dos feiticeiros se assemelha ao que dizem os ocultistas como Gurdjieff, os Gnósticos antigos, que não temos alma, mas que precisamos construir uma consciência permanente, alerta e desperta, capaz de evitar a dissolução, a segunda morte, ser devorado pelo grande" abismo cósmico”. É interessante que essa idéia apareça também nas conclusões de Robert A. Monroe, em suas "Viagens além do Universo", em corpo astral ou projeções da consciência.
Segundo ele, Monroe, somos plantações de Móbiles produtores de "lush", uma substância alimentar rara e apreciada no Universo por criaturas que nos cultivam. Isso não é tão aterrador, visto que fazemos o tempo todo esse tipo de coisa, criamos os animais para devorá-los, e na verdade não somos melhores que eles.
Mas o que importa é tentar desvendar o mistério da existência, fazer uma arqueologia dos sistemas místicos de outras humanidades, de outras culturas como a das nações de pindorama , o Brasil pré-português, os Incas, Maias, a tolteca revista por Carlos Castaneda.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

DOMÍNIO DA NATUREZA INTERIOR PELO SEXO

É um dos fundamentos da História, que o grau de desenvolvimento dos instrumentos de produção indica o poder da sociedade sobre a natureza, isto é, seu grau de desenvolvimento. Da comunidade primitiva ao homem tecnológico, supomos orgulhosos que a humanidade progrediu maravilhosamente com a invenção das máquinas, dos foguetes espaciais, das bombas de neutrons, dos mísseis intercontinentais, dos computadores. Mas tudo isso é uma visão racionalista que considera o domínio da natureza exterior como um fim. Esse mesmo racionalismo, que deseja conquistar a natureza, é incapaz de entender as contradições íntimas e transcendentais da natureza interior humana. Por outro lado, as mais "atrasadas “ culturas, que vivem em regime de comunidade primitiva, possue maior poder sobre essa natureza interior que todo o aparato tecnológico do homem moderno.
Conseqüentemente, podemos dizer que além de não ter uma cultura milenar como a índia, o Nepal, a China, por exemplo, nossa cultura está voltada para o domínio da natureza exterior pela tecnologia, em prejuízo para com a natureza humana. É tão evidente essa contradição, que a tecnologia tornou possível a destruição do planeta, a poluição está envenenando a biosfera. Calejados pela mesma idéia racionalista, buscamos entender as realidades transcendentais como os fenômenos da parapsicologia, religiosos e ufológicos, através de pesquisas empíricas.
Não adianta esconder nossa ignorância atrás de máquinas, criar "ciências" para estudar fora, o que vem de dentro da consciência sufocada. Não precisamos de Ufologia, muito menos de Parapsicologia, porque ambas estão atrás de fantasmas. Muito menos de um Deus pessoal, ou um Salvador messiânico, de céu e inferno. Isso tem cheiro de dominação, de controle mental. Precisamos sim, buscar uma ciência do homem que busque dominar a natureza interior. Aquele “conhece a ti mesmo” socrático. Pois conhecendo e dominando a natureza interior, podemos sair da inconsciência, essa falta de lembrança de nós mesmos. É preciso estar em vigília, porque a humanidade está dormindo de olhos abertos. Mas como isso é possível?
ALIMENTAÇÃO E CRUELDADE
Não há nada de novo sob o céu, como nenhuma novidade trarei ao mundo. Os povos da antiguidade deixaram o exemplo de como buscar o domínio da natureza interior através de rituais e disciplinas. Três princípios básicos desenvolvidos desde os tempos mais remotos foram o desenvolvimento da atenção ou percepção: alimentação adequada e a sacralização do Eros . Desses, os mais dolorosos para nós ocidentais, tem sido os dois últimos. Comer apenas vegetais não levará ninguém ao céu. Mas ser vegetariano é um ato voltado para a natureza interior, é pensar no corpo, enriquecendo com uma alimentação limpa e harmoniosa. Veja bem, não comemos só a carne, mas comemos também o medo do boi, todo o terror e angústia do animal no momento de sua morte. Sem falar nos hormônios, remédios e vacinas que os animais recebem. Além disso um matadouro é um antro de magia negra onde as larvas do astral pairam em busca do sangue. É esse o princípio, a idéia do “sacrifício”, na magia dos antigos: alimentar um deus ou deuses, pois a morte de um ser é uma explosão de energia. Isso em qualquer ritual que envolva a morte de humanos ou animais. Desde pequenos somos violentados com esse tipo de alimentação impura e ficamos viciados, o que torna dolorosa a idéia do vegetarianismo.
Esse vício adquirido, comer carne, só foi possível com a descoberta do fogo, pois nem sequer temos dentes apropriados para isso. No livro apócrifo de Enoque, já escrevi antes e repito, são os Anjos Decaídos que se misturam com as filhas dos homens , que ensinam o gosto pela carne e pelo sangue. Somos comedores de carcaças, daí nosso inconsciente interesse por vampiros, porque não percebemos que na verdade somos isso mesmo. Vampiros dos animais, que escravizamos, em nome da sobrevivência, da fome.
TRANSMUTAÇÃO NÃO É MUDANÇA
Mais difícil que o vegetarianismo, e nem sequer passa pela idéia, primeiro porque não temos uma cultura milenar, daí não termos também uma cultura do amor. Segundo, porque as religiões ocidentais predominantes desconhecem atualmente qualquer metafísica do sexo que tenha existido nas origens do judaísmo e do cristianismo. Para os antigos da Mesopotâmia, Egito, China e índia, o corpo nunca foi instrumento de pecado ou santidade. O tantrismo hindu, tibetano, o falicismo bíblico, são exemplos diversos, de culturas do amor, em função do domínio de uma natureza interior.
Antes que alguém fique escandalizado, devo lembrar que hoje podemos ver pela televisão os, bailes carnavalescos onde as pessoas se perdem numa embriaguês erótica desenfreada, de uma infrasexualidade eletrizante, desgastante e inútil. Assim, de forma alguma podemos condenar, diante de tanta degradação no Carnaval, que é realmente a “festa da carne", uma herança cultural censurada, uma transcendência do Eros, o festival de Beltane, de Baco e Dionísio, praticada pelos antigos gregos e romanos, vendo nisso perversão, abominação, magia negra, ou satanismo, na maneira de ver do cristianismo medieval.
O respeito pelo corpo desapareceu. Desperdiçamos nossa energia erótica em orgasmos que nos custam sete milhões de espermas, transformando o sexo numa brincadeira de motéis, ou então gerando filhos para a felicidade do nosso ego. Desconhecendo o que seja a transmutação das energias do sexo no nosso corpo. O único poder ,que realmente temos de criar, sem demagogia alguma, é o de gerar filhos, procriar.
Transmutar essas energias criadoras em virtude foi o objeto do Tântra. O sexo leva a luxúria, que embriaga e enlouquece. Mas o sexo também pode levar a transcendência. O simbolismo do gênesis bíblico mostra muito bem essa verdade através das duas serpentes: uma leva a queda e outra que cura. É pelo sexo que o homem vem ao mundo, e a vagina é a porta de iniciação para todos nós, como diz os Evangelhos, estreito e apertado é o caminho que leva a vida.
O ELOHIM CRIADOR
A busca do domínio da natureza interior pelo sexo, entre os povos mais experientes, senhores de uma cultura várias vezes milenar, era na verdade o domínio de si próprio, ampliar o nível de consciência, buscando um crescimento interior. Toda uma metafísica do sexo pode ser elaborada a partir das informações deixadas por eles, que de maneira alguma pode ser comparada com o moderno estudo clinico da sexualidade. Tais informações sobre a transcendência da sexualidade humana pode ser encontrada, de uma maneira dissimulada, é verdade, mas ao alcance de todos, na mitologia hebraica dos livros supostamente escritos pelo lendário Moisés. Na gênese bíblica, o deus criador Elohim aparece como um ser de dupla natureza, isto é, macho e fêmea. O falicismo dos povos antigos da Mesopotâmia, da Palestina, passou para os lendários israelitas que evocam seu deus no plural, mas o consideram um único ser, de dupla natureza, macho e fêmea. Elohim significa "deuses".
Assim, Elohim, criou o primeiro homem a sua imagem e semelhança, macho e fêmea. O primeiro Adão ou geração de seres anteriores ao Homem, era hermafrodita, como seu criador. Mas esse ser primordial foi dividido em dois, essa geração de criaturas humanas, no homem e na mulher. Por isso Eva foi retirada de Adão.
Na mitologia grega encontramos semelhante relato nos diálogos de Platão, no "O Banquete", onde se fala da separação de um ser “andrógino primordial," por causa de sua rebeldia, orgulho e poder. Ambas as mitologias falam da mesma coisa, de uma criatura poderosa que se separou em duas, no homem e na mulher.
Essa monstruosa e poderosa criatura hermofrodita do Gênesis, que era a imagem de seu criador, teria passado por uma ruptura da qual surgiu a mulher. A explicação mítica nos diz que até hoje a mulher traz um sinal dessa ruptura no seu sangramento mensal, proveniente da ferida ainda fresca dessa separação dos sexos. Durante sua primeira conjunção carnal, a mulher lacera o hímen, a membrana que tenta saturar esse ferimento primordial.
Não está no homem ou na mulher, o poder de criar, mas com aquela criatura andrógina que transformam-se pelo ato sexual. O coito restabelece, evoca esse ser múltiplo e monstruoso, único capaz de criar como os deuses. Unidos pelo sexo, o homem e a mulher transformam-se num Elohim criador. Temos portanto, uma visão sexual da divindade na gênese de Moisés, presente também em diversas passagens, como por exemplo , quando Jacó erigiu a matzebah, uma coluna fálica, e ungiu com óleo. Postes ou colunas fálicas estão presentes não só na Palestina , Fenícia, Índia, mas em diversas partes do mundo. Derramar leite e mel, óleos aromáticos, sobre falos de pedra, são rituais que ainda existe até hoje na Índia e no Nepal. O juramento dos patriarcas bíblicos era feito pondo a mão sobre a "coxa", o dissimulado ou censurado, órgão criador masculino. O caráter sexual da religião dos antigos hebreus, que eram descendentes dos magos da Caldéia, Abrão era caldeu, provavelmente um mago, é a exigência da mutilação parcial do falo, do pênis, a chamada "circuncisão", oferecida a divindade.
Pode parecer obsceno hoje, o culto fálico dissimulado pelos sacerdotes de Israel, e até seja negado pelos herdeiros de tais tradições ou mitologias. Também os hindus de hoje não sabem explicar os suntuosos templos enfeitados com esculturas praticando sexo. Não tenho por objetivo escandalizar, mas situar o sexo dentro das potencialidades, da interpretação que os antigos lhe dava, demonstração visível até hoje ainda registrada nesses templos eróticos da índia e do Nepal. Pois independente de qualquer visão esclarecedora do sexo, nos colocamos ao nível dos animais chamando de amor ao sexo, a "vontade da espécie", como dizia Schopenhuer, que tem por fim apenas a procriação. O interesse da espécie visa apenas a reprodução e perpetuação da raça, tendo por armadilha o prazer momentâneo do orgasmo, enganado por representações românticas, delírios de paixão, com a ajuda das novelas da Televisão, do cinema, das letras melosas das músicas de hoje em dia, e todas as formas de consumo e alienação . E porque não encarar a sexual idade como um poder, como os antigos, e como tal, transcendente? A reprodução sem sentido transformou a humanidade em bilhões de loucos correndo para o suicido global, pelo esgotamento dos recursos naturais.
TANTRISMO É RELIGIÃO
Sendo o sexo capaz de proporcionar energias vitais, dominar a sexualidade era buscar dominar aquela natureza interior que está esquecida ou adormecida pela inconsciência. Dominar para modificar, “transmutar” era o objetivo da cultura tântrica do amor. Interiorizar as energias sexuais pela alquimia do amor, trabalhando o corpo para gerar mudanças interiores, no psiquismo. Esse processo de alquimia sexual é que chamamos de "transmutação". Ser casto, praticar a abstenção sexual como faziam os eremitas e os iogues da índia, e os primeiros padres do Cristianismo, tinha por fim a transmutação das energias sexuais. Também o casal tântrico faz amor ritual com o mesmo objetivo, evitando o desperdício no orgasmo, canalizando essas energias para o corpo sutil que os asiáticos acreditam que temos. O despertar das percepções extra-sensoriais se dão pelo desenvolvimento do corpo etérico, o mesmo que abandona o corpo durante o sono. Tal corpo segundo o tantrismo, possui na região da coluna vertebral, sete centros energéticos chamados charkras, as “sete Igrejas” , que estão atrofiados e precisam ser desenvolvidos, postos em funcionamento.
Como se todo o nosso potencial estivesse adormecido, precisamos ampliar e canalizar através dos charkras, da última vértebra da coluna até o alto da cabeça, essas energias sexuais que despertarão Kundalini, como simbolicamente chamam essa potência. Essa foi a serpente que caiu e que deve ser levantada no deserto da existência humana, no dizer dos livros de Moisés. Kundalini é a serpente que cura
Fazer amor com adoração, com a esposa sacerdotisa , procurar transmutar a energia cega da vontade da espécie, dominando o corpo, é menos obsceno que a política dos abortos, das orgias carnavalescas, da masturbação homossexual, pois não relação sexual com indivíduos do mesmo sexo , da prostituição mercenária, das clínicas de aborto, da fome pela ignorância. É procurar o domínio da natureza interior, aquela busca por si mesmo, entrar num estado de vigília.
EVOLUÇÃO E INVOLUÇÃO
Explorar o universo interior não é uma expressão intelectual, mas bem prática, pragmática mesmo. Não é figura de linguagem, e sim objetividade. O corpo deve ser conhecido e desenvolvido, para tornar-se ele mesmo uma porta para o infinito, um portal. Não me refiro as academias, da modelação física, busca da saúde, da beleza simétrica das formas, o combate a velhice . Houve uma inversão de valores ao longo da Antiguidade até os nossos dias, pois hoje se busca ou imagina, uma divindade fora do homem, que é a concepção cristã de Deus.
Não era assim que se imaginava e cultivava a divindade nas grandes civilizações do passado, mas através do próprio homem. Todas as religiões do Oriente antigo eram voltadas para a transcendência sexual . Ishtar na Mesopotâmia, Isis no Egito, Kali na índia, as Valkirias germânicas, Afrodite e Vênus, dos gregos e romanos, e até as Huris do Alcorão, que vão servir aos homens no Paraíso muçulmano, eram as grandes deusas virgens prostitutas que demonstram esse caráter sexual nos ritos religiosos.
O falo perdido de Osíris é o grande mistério oculto pelo véu de Isis, que era o sexo, demonstra claramente o tantrismo egípcio. Levantar o vestuário feminino, isto é, o véu de Isis entre os antigos egípcios e gregos, era algo que inspirava terror e respeito. Na nudez da mulher estava o mistério da força mágica da fertilidade, do ato criador divino. Daí a razão do temor diante da visão do sexo feminino. Ocultar o corpo da mulher não é uma questão de dominação masculina, moral ou ciúme. Por isso ele deve ser ocultado pelo vestuário, escondido devido essa veneração. Você não acha estranho essa palavra “venerar”, esteja ligada a significação também sexual?
Não é a beleza do corpo feminino que atrai o macho, como os modernos pensam, e até mesmo as narcisistas possam acreditar, pois nada há de belo na aparência do sexo oculto da fêmea. Seu exterior se assemelha a um corte, uma abertura, e grotescamente parecido com uma ferida que sangra mensalmente. A razão do culto pelo corpo da mulher não era a beleza mas o mistério que ele transmite. É o fascínio e não a beleza o que atraí o macho. No amor o falo penetra do mundo conhecido para o desconhecido, pois estreito e apertado é o caminho para a vida.
Prova dessa adoração pela nudez, temos na época da decadência das religiões sexuais, na Idade Média, quando o Cristianismo se afirmava como religião de estado, o que sobrou do Império Romano, na famosa "missa negra” que era realizada tendo por altar o corpo despido de uma mulher. Para a Igreja medieval era uma abominação satânica.
Uma pergunta que está no ar é a razão do desaparecimento de tais práticas, já que elas parecem tão boas. Primeiro, existe dois aspectos na transcendência sexual simbolizados na serpente de bronze de Moisés, que deve ser levantada no deserto da vida, e a serpente de Eden, portadora do desejo. Ambas representam a Kundaliní nos seus aspectos de elevada e caída. Predominando a serpente tentadora, o homem cai na decadência, nos desregramentos e perversões, pois a luxúria enlouquece. Portanto, a grande ciência dos magos da Mesopotâmia, isto é, dos Caldeus, Egito e Palestina, caíram na degeneração.
Segundo, assim como numa civilização tecnológica como a nossa não significa que a maioria seja de técnicos e engenheiros, pois até um canibal pode aprender a manusear uma metralhadora, usar um celular ou um computador, até crianças. Os magos do passado não elevaram o nível de consciência daquelas sociedades. A magia não era e não foi responsável pelas riquezas da Babilônia, o esplendor do Egito, os belos templos da Índia, a riqueza do Império Romano, mas sim a violência, o trabalho escravo. Assim como as riquezas das sociedades capitalistas vem da acumulação do capital, fruto da espoliação do Novo Mundo, e do trabalho assalariado. É difícil ficar rico sem dar “pernadas” nos outros.
Os Vedas não fizeram da Índia uma cultura que possa servir de modelo. Ao contrário, é uma sociedade em franca involução e miséria, que adotou o capitalismo europeu colonizador. Como a tecnologia toda maravilhosa está levando o ocidente para a involução da mesma maneira, gerando miséria, e vazio existencial. Mas a decadência das religiões do passado, com a predominância de Kundalini invertida, bem como a apropriação e interpretação dos Vedas por uma classe dominante na Índia, e o mal uso da tecnologia no Ocidente, não significa a invalidade, dos mesmos. É preciso o desenvolvimento integral do homem, e isto significa mudar, subir peias costas de Satã, negar as paixões, essa busca e amor pela riqueza e poder, os apegos do Ego, esse romantismo que leva homens e mulheres se matarem em nome do “amor”. Só assim, acredito, ser possível adquirir o conhecimento de outras realidades, mundos internos, vidas paralelas no absoluto. Edificando o templo no próprio corpo, objeto de pesquisa.
As tradições dizem que a pedra fundamental do templo, que foi rejeitada, é o Sexo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tomando o Céu de Assalto

Em nenhuma outra época da História o poder massificante dos meios de comunicação, nas mãos de sociedades conservadoras, conseguiram com tanto sucesso, a manipulação das consciências, como nos dias atuais. Um poder instrumental que não pode ser negado diante da experiência nazista, que com sucesso conseguiu conduzir multidões judias para os fornos crematórios, enganadas até o ultimo momento. Como os nazistas, hoje se manipula informações falseadas, desde índices falsos de inflação, repressões e torturas nas ditaduras, como o massacre da Praça da Paz Celestial, lá na China, onde os soldados foram colocados na posição dupla de vítimas e heróis , e assim acontece por todo o mundo moderno. Formando opinião e forjando a imagem dos seus políticos, por exemplo, transformam homens medíocres em grandes personalidades, verdadeiros ídolos que parecem aos olhos da grande maioria faminta de tudo, a tábua de salvação.Nossos políticos, defensores de “frascos e comprimidos”.
Assim, somos bombardeados de informações problemáticas, dentro de uma sociedade miserável e corrupta como a nossa, levados a repensar o pseudo drama do comércio e trafico da cocaína, maconha, enfim, de todas as drogas proibidas no mundo civilizado, e se realmente há algo monstruoso e conspirador por trás delas. Afinal, porque a burguesia ocidental não esclarece o motivo de se consumir tanto as plantas de poder, ou alucinógenos, o que os meios de comunicação popularizaram como "DROGA". Porque se combate o vício fazendo descrições das conseqüências terríveis do consumo, sem buscar esclarecer a origem da coisa? Não adianta dizer para o fumante que o seu vício causará câncer, cirrose, impotência, envelhecimento precoce e morte, se por outro lado o cigarro continua sendo oferecido como um produto de prazer, em que as pessoas se divertem fazendo da boca uma fornalha e do nariz uma chaminé.
Por que as indústrias não esclarecem aos seus consumidores como surgiu o hábito de fumar? Fumar é uma coisa que os europeus aprenderam com os índios durante a colonização do Novo Mundo. Acontece que, nas tribos das Américas, fumar não era prazer ou brincadeira, mas sim algo transcendental relacionado com uma prática mística ou religiosa, onde só algumas pessoas podiam fazer durante cerimônias ou rituais. Uma dessas pessoas era o sacerdote, entre nossos índios, o Pajé. O fumo era e ainda é em algumas comunidades do Xingu, veículo embriagador que leva ao transe e facilita o contato com o astral, com as divindades, os devas da Natureza. Devo esclarecer que a indústria capitalista popularizou o tabaco, mas que há uma variedade de ervas e folhas nas diversas culturas. E daí? Fumar é um grande equívoco das sociedades "modernas''.
O Capitalismo, filho da grande acumulação do capital, nutrido com o sangue das civilizações pré-colombianas, assaltadas e dizimadas durante a conquista européia, em nome do “direito divino” outorgado pelo Papa, pelo Tratado de Tordesilhas ,o pejorativo “testamento de Adão”, fez do fumo apenas uma mercadoria de consumo, "um pequeno prazer".
A propaganda de guerra aos tóxicos nos informa que há vinte e três milhões de consumidores de drogas só nos Estados Unidos. Milhões de quilos de cocaína são consumidos por ano, movimentando bilhões de dólares num comercio dominado pelo crime organizado. Esse número de viciados parece assustador, mas não é, como querem nos fazer acreditar.
Ele é bem menor que os duzentos milhões de nascimentos diários no mundo inteiro, e não representa nada diante dos cinco bilhões de loucos que vivem nesse planeta. Hoje as cifras não devem assustar muito, quando milhões morrem de fome, e qualquer terremoto que ocorra em grandes centros urbanos como as grandes cidades norte-americanas, ou Tóquio, São Paulo, Londres, etc, matará muito mais que as 55 mil vítimas da Republica Armênia do ano passado. Inclusive é uma tragédia futura inevitável que nem precisa ser Nostradamus para prever. O que me parece estranho é não se dizer a pleno pulmões, que as drogas , como o cigarro,a cocaína, são produtos inventados pela burguesia internacional, a grande consumidora, como se fossem a mercadoria proibida do prazer.
O que se esconde por trás do tráfico de drogas, é um Terceiro Mundo miserável, espoliado e endividado pelo imperialismo europeu, que oferece ao Mundo Rico, por vingança,por imposição das necessidades, o "tempero do prazer", a mercadoria maldita, o trabalho sujo que eles não querem fazer mais.
MANIQUEÍSMO
A massificação começa quando se passa por cima da história do consumo original, a razão primeira que levou as comunidades primitivas, pré-colombianas e orientais, ao consumo restrito de plantas e ervas de poder, dentro de um contesto religioso, místico, como acontecia com o fumo entre os índios da América, o peiote no Mêxico, a chacrona e o mariri na Amazônia.
O que leva os milhões de viciados da burguesia internacional, e nacional também, ao consumo principalmente da cocaína, por exemplo, é a profunda alienação de que são vítimas, e o transbordante vazio existencial que as religiões modernas deixaram. Fracassaram mesmo. È a promessa do prazer oferecida em forma de “ mercadoria proibida''. Dentro do Capitalismo a droga é um produto caro e valioso no submundo, que enriquece rápido. Essa é a grande contradição. O que em alguma época foi religioso e transcendental, hoje é mercadoria.
Hipócritas maniqueístas, presos na ilusão de uma guerra entre o bem e o mal, entre Deus e o Diabo, convocam as Américas numa guerra total contra as drogas. E se pratica violências contra os vegetais por meio de substâncias químicas e ao mesmo tempo uma cruzada aos centros produtores. Propagandas em todos os meios de comunicação, que só despertam curiosidade e arrepios. Por que o mundo rico não combate o interesse econômico do tráfico, ajudando o terceiro mundo a sair da miséria, perdoando as dívidas externas desses países produtores, pois é difícil se conter coisas mais simples como a miséria e a fome, quanto mais o desejo de enriquecer fácil num mundo pobre e faminto, quando eles mesmos, os países ricos, são os grandes consumidores.
Longe de qualquer interesse na difusão ou repressão, não estou fazendo uma apologia. Isso seria até criminoso. Mas a desinformação é completa sobre a origem das drogas, o seu papel nas culturas primitivas. O consumo é uma grande alienação, uma ignorância profunda, que escraviza ricos e pobres. Os ricos para preencher o vazio existencial deixado pela falta de sentido da vida deixado pelas ciências e pelo Cristianismo. A onda dos meninos pobres, miseráveis, sem pai nem mãe, deserdados da sociedade, é consumir o “superamendoim” do SuperPateta, antes de sair para aprontar: roubar, assaltar, como heróis sem causa, acreditando que a polícia é o verdadeiro bandido, fazendo sucesso com as meninas, também sem futuro.
Especialistas americanos já chegaram a brilhante conclusão de que uma das causas que leva ao consumo e o vício, é o fator genético. Isso me parece completamente alienante, acreditar que as pessoas nasçam com a pré-disposição para o vício da cocaína, da maconha, etc. Por que não esclarecem que a droga não é prazer, e deixam de querer explicar tudo na visão maniqueísta do bem e do mal.
O que a maioria das chamadas' 'drogas'' fazem é exaltar a consciência, "afrouxam os laços da mente", intensifica a consciência, quebrando o lacre do inconsciente, fazendo com que a pessoa mergulhe num abismo alucinante de deslumbramento, e ao mesmo tempo infernal e desastroso. Em outras palavras, a droga faz com violência, o que um místico consegue ao longo de muito trabalho com a consciência. Com uma diferença fundamental, a droga é um estupro e não oferece controle, recompensa ou desenvolvimento para seus adeptos.
A "viagem" dos viciados é uma queda sem pára-quedas, ou uma corrida num veículo sem freio ou direção. Para a experiência mística ocultista, consumir drogas é um ato de magia negra. E seus adeptos, magos negros que buscam tomar o céu de assalto. Mas só terão como recompensa as armadilhas do inferno astral. Viver numa sociedade onde as drogas, instrumentos de alteração da consciência dos rituais religiosos pré-cristãos, foram transformadas em drogas do prazer, do super-poder, que enriquece e gera todo tipo de violência, é recriar o inferno dantesco, é viver no Inferno, de fato.
As cifras, populacionais e consumo são, de 1990.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Viagem Astral, a Magia do Sono, Jornadas Noturnas, Projeciologia

Depois de quase dois mil anos de Cristianismo, que aboliu a magia e os mistérios das religiões orientais da Antiguidade, da Europa pré-cristã, e da América pré-colombiana, renasce nos dias atuais algo misterioso e mágico, as viagens astrais, projeção da consciência, ou projeciologia, magia do sono, jornada noturna. Vários nomes estão sendo dados para a experiência que consiste na sensação especial de desdobramento do corpo de uma pessoa, num corpo físico e outro sutil. O segundo corpo é ativo e consciente, podendo se deslocar numa outra dimensão, nos mundos internos, visitando outras épocas do passado, ir a lugares desconhecidos, enfim, possibilidades enormes.
Místicos de várias escolas esotéricas, como os gnósticos antigos e modernos, pessoas treinadas, ou mesmo como capacidade natural, realizam verdadeiras jornadas noturnas num mundo de sonho e magia. Dentre os viajantes astrais mais conhecidos temos Oliver Fox, Sylvan Muldoon, Robert Monroe, o Dr. Waldo Vieira. Esses dois últimos representam dois pólos, duas visões do fenômeno. Monroe montou uma espécie de laboratório e equipamentos sonoros que possibilitam o desdobramento. Escreveu dois livros onde relata sua experiência: "Viagens fora do corpo" e "Viagens além. do Universo”, bem como sua maneira de interpretar o fenômeno. O mais interessante desse explorador dos mundos internos é o fato dele conseguir continuidade entre suas viagens.
O segundo é um médico brasileiro, fundamentalmente kardecista, sustentando a tese espírita de que podemos abandonar temporariamente o corpo físico, em vida. Para Alan Kardec, fundador do espiritismo, dormir é como morrer todas as noites, daí ser possível visitar o mundo espiritual. Waldo Vieira também escreveu dois livros sobre o assunto, "Projeções da Consciência" e "Projeciologia". Também fundou um Instituto Internacional de Projeciologia, acreditando firmemente tratar-se de uma nova ciência. Ao contrário de Monroe, seu método é natural e quase religioso, pois conta com o auxílio de entidades espíritas. Mas pelo que podemos observar em seu primeiro livro, suas experiências não possuem continuidade como as de Robert Monroe.
Entre os povos que vivem em regime de comunidade primitiva, as tribos da Sibéria, e das Américas, das ilhas do Pacífico, seus sacerdotes partilhavam dessa capacidade de bilocação. Os Xamãs, os Pajés, eram iniciados na arte de sair em astral. Entre as tribos brasileiras é a característica principal da "pajelança", como podemos observar na série "Xingu", da Manchete, bem como o relato do cacique Raoni.
Por outro lado, hindus, gregos e latinos, relatam visitas aos céus, aos infernos. Homero descreve á visita de Ulisses ao mundo das sombras, encontrando-se com o espectro de sua falecida mãe. Platão escreveu na sua "República", sobre a visão de Er, que deve ter tido algo semelhante ao que ocorre em nossos dias, morreu clinicamente, tido por morto, voltou a si já estendido na pira funerária, pronto para ser cremado. O fato é que durante o tempo em que esteve "morto" ou desacordado, Er viu os céus e os infernos.
Também o poeta romano Virgílio descreve a visita de Enéias ao mundos sombrio dos manes. O mesmo se repete na Divina Comédia de Dante Alighieri, que trata exclusivamente de descrever tais experiências, com humor e ressentimento contra seus inimigos, já que os coloca todos no inferno.
No lado muçulmano da Idade Média encontramos o futuro profeta Maomé iniciando sua aventura religiosa com uma viagem astral na companhia de Anjo Gabriel, também visitando os céus e os infernos. Mas é na índia que o fenômeno tem sua antiguidade dilatada a aceitação natural, sem rodeios e a importância que damos hoje.Entre os seguidores do movimento Hare Krishna, é possível viajar a outros planetas, como relata o falecido Swami Prabhupada em seus livros. Mais eles não a praticam por não achar importante.
A popularização da chamada viagem astral, a possibilidade de uma parte de nós se desprender e aventurar-se por outras dimensões, surge de vários setores. Cientistas estudam o sono e o controle dos sonhos com lucidez, e na tanatologia se busca estudar a morte clínica, isto é, pessoas que relatam as sensações da morte e as visões que tiveram durante o tempo que aparentemente morreram, como o grego Er.
Na literatura, em "Brumas de Avalon", e nos livros do antropólogo americano Carlos Castaneda, a arte de sonhar conscientemente é tratada com naturalidade. E até no campo da Ufologia, isto é, na caça dos discos voadores e extraterrestres, a viagem astral aparece como uma capacidade perdida pelos humanos da terra, segundo as palavras de um suposto extraterreno famoso no Brasil, chamado Karran, relatado no programa do falecido Flávio Cavalcante.
O casal Hermínio e Bianca Reis tiveram um contato do Terceiro Grau, com Karran, em que ficaram 48 horas dentro do que eles pensaram ser um espaçonave vinda de um planeta chamado Klemerr, tendo como comandante o referido extraterrestre. O fato. é que eles aprenderam uma "técnica de saída e retorno consciente da matéria", e passaram a oferecer um cursinho para quem desejasse aprender.
Outro ufólogo famoso do Brasil, Alfredo Moacyr Uchoã, já falecido, trafegava pelo mesmo caminho nas viagens pelo astral. Em seus livros, principalmente "Mergulho no Hiperespaço", relata experiências numa dimensão paralela, visitando outros planetas e seus habitantes, entre eles Yasha-avi.
Também não podemos esquecer o cinema americano que está explorando esse mistério, pelo seu lado negativo, em filmes como "A Hora do Pesadelo". A razão do sucesso desse filme não é o monstro assassino com dedos de navalha, Fred Kruger. Talvez os críticos acreditem nisso. Mas o que choca as platéias é a possibilidade dos sonhos conscientes, onde tudo parece real. O exagero desses filmes, transformados em série de televisão nos Estados Unidos, é o perigo inexistente nessa dimensão. Existe um lado tenebroso nas "viagens astrais", onde podemos realmente ser assaltados por monstros ou coisas que temos medo, e isso é chamado de "guardião do umbral", ou acontecer de entrar numa região infernal. Isso acontece com os viciados em drogas, as maiores vítimas de monstros astrais, o que a ciência chama de alucinações.
Mas alguns filmes de menor sucesso abordam a coisa numa linguagem de encantamento e magia, como "Explorers:Viagem ao mundo dos sonhos", e "A História sem fim", e são muito mais autênticos. Também em “Labirinto, a magia do tempo”, se passa durante um sonho de uma adolescente.
. Na literatura infantil, se você observar melhor, verá que até alguns contos famosos relatam, aventuras num mundo astral. É o caso de Peter Pan e os meninos perdidos, que vivem na "terra do nunca", onde voam e convivem com as fadas, e o tempo parece não existir. Também "Alice no país das maravilhas", do matemático Lewis Carroll, se desenrola num mundo mágico onde tudo é possível.
De todos os lados encontramos informações que apontam um fenômeno universal, demonstrando que há um espaço na consciência, ignorado e por explorar. Cientistas, leigos, místicos e "viajantes astrais", possuem em comum uma mesma preocupação em desvendar o que seria realmente essa coisa mágica e aterradora. Alguns, é claro, já possue a resposta que acredita, de acordo com suas crenças religiosas, vítimas de uma clareza comprometida.
Os Espíritas Kardecistas dizem que o espírito saí do corpo durante o sono, só que não conseguimos nos lembrar. As escolas esotéricas tratam com uma seriedade exagerada, e muitas fazem disso um segredo para poucos iniciados. Para os gnósticos o corpo astral é apenas um dos corpos que possuímos. Através dessas entradas, “viagens” numa quarta dimensão; o adepto pode colher informações diretamente da Natureza.
Isso como teoria não é novidade, pois é o mesmo que diz Platão sobre o "mundo das ideias". Para cientistas como Susan J. Blackmore, é algo que devem ser investigado. Por sua vez, o famoso Carl Sagan, também já falecido, dizia que é perda de tempo tratar de discos voadores, horóscopo, a viagens astrais, etc.
Pessoalmente, acredito que o mais importante argumento de defesa do fenômeno é a experiência pessoal, de cada um de nós. É monstruoso criticar ou discordar por pura ignorância, por preconceitos científicos ou religiosos. Existem várias técnicas, métodos experimentados pelos que passaram pelo fenômeno. Acho que estamos aprendendo a comandar capacidades adormecidas, esquecidas pelo desuso, colocadas de lado por preconceito, ou por ignorância de sua existência.
Se a humanidade descobrir algo novo e prático nas “viagens noturnas’. isso seria realmente um grande passo para o homem.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

CASTAÑEDA, O ANTROPÓLOGO FEITICEIRO

No verão de 1960 um estudante de antropologia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, encontrou numa estação rodoviária duma cidade de fronteira do Arizona, um velho índio Yaqui, que hoje conhecemos por Dom Juan. Assim começou a aventura de Carlos Castãneda por uma estranha realidade que o transformou numa pessoa misteriosa e arredia, despertando curiosidade sobre a veracidade de suas narrações e experiências, até mesmo surgindo dúvidas de que ele existe ou não, já que nem sequer se deixava fotografar. Quase trinta anos depois, oito livros publicados até o momento, a obra de Castãneda é originalmente revolucionária, revelando um aspecto cultural dos povos pré-colombiános, na figura de grupos indígenas que não assimilaram o Cristianismo do conquistador europeu, e daí são portadores de um antigo conhecimento.
Sem querer, na ânsia de conhecer ervas medicinais e plantas alucinógenas para sua tese, tornou-se aprendiz de feiticeiro do velho índio. Um longo e penoso aprendizado, uma luta contínua entre seu racionalismo e toda a realidade mágica do xamã, difícil de aceitar e compreender.
“Erva do Diabo”, começa com o primeiro ciclo do poder, mais precisamente tratando das "plantas de poder”, que consta nos três primeiros livros. Dom Juan, a pronúncia é "Ruan", que aliás, não é seu verdadeiro nome, tornou-se o "Benfeitor" de Castãneda, que passa a buscar como meta, transformar-se num "homem de conhecimento”. Para isso teria que vencer os quatro inimigos naturais da humanidade: o Medo, que é o primeiro inimigo natural; a Clareza é o segundo, que ofusca o entendimento; terceiro é o Poder, o mais forte de todos, que torna os homens cruéis e caprichosos; e a Velhice, o último, que é o mais cruel.
Há todo um arcabouço mítico e filosófico nos conhecimentos relatados pelo velho índio, paralelo ao uso ritual das plantas de poder: o peiote, que ele chama de "Mescalito"; datura ou erva-do-diabo (estramônio); e o fuminho, outro cogumelo misturado com outras cinco plantas secas. Nas sociedades modernas, trata-se de alucinógenos terríveis ou vulgarmente chamados de "drogas", aliás, um dos maiores problemas do nosso tempo é o consumo e o tráfico. Mas, o que percebemos através de Castañeda é a grande contradição no uso incorreto e inadequado, do que foi no passado práticas rituais. Para começar, ele foi obrigado a participar da colheita penosa, ritual e respeitosa dos cogumelos. Para ingerir o peiote foi devidamente preparado antes e depois, pois deveria ser tratado em caso de reações desastrosas ao organismo. Isso se deu com todos os três alucinógenos; "sem esses cuidados teria morrido ou sofrido danos irreparáveis. Participou dos Mitotes, que são reuniões de feiticeiros onde é ingerido o peiote.
Tais cerimônias são realizadas durante quatro dias seguidos. Castaneda foi induzido a encarar uma entidade vegetal que deveria ser vista como um amigo aliado, e doador de conhecimento. E realmente essa criatura surge na visão provocada pelo “mescalito”.
"ALIADOS"
Cabe ressaltar que a obra de Castaneda não é uma apologia do uso dos alucinógenos, ou das drogas. A ingestão das plantas de poder, como são chamadas os vegetais que causam estados de realidade não comuns, ou estados especiais de percepção distorcida, ou ainda, consciência alterada, é algo muito antigo, e fazia parte das principais culturas dos povos antigos, do Oriente ao continente americano. Tudo era significativo e ritual, desde a colheita até o preparo e a ingestão da planta. Não é a mesma coisa que está acontecendo hoje nas culturas ditas modernas, em que o sujeito compra maconha, cocaína, cigarro, ou qualquer outra droga, simplesmente para sentir prazer, completamente alienado de significação. Como alguém que sente orgasmo tomando descargas elétricas de alta voltagem. O viciado parece muito com um doido varrido que mete o dedo numa tomada e dá risadas com o choque. Portanto, o uso sob controle das plantas de poder dentro de um contexto cultural, é o que nos oferece Castaneda através dos ensinamentos de Dom Juan.
Várias experiências com os vegetais são descritas: brincar com um cachorro transparente como vidro; entrar por túneis de metal; encontrar um mosquito gigantesco e monstruoso de uns trinta metros; ser transportado numa bolha; voar e até transformar-se em corvo, pois o efeito do “fuminho" era o de tornar o corpo sem forma, daí ser necessária tomar outra forma, e os feiticeiros escolhem a de pássaros.Resumindo, essas “alucinações”, como dizem os médicos, são fenômenos da consciência alterada, que visa não o prazer, mas quebrar a racionalidade de Castaneda, forçando uma abertura para o entendimento do mundo na ótica da feitiçaria.
Como conseqüência, dos cinco primeiros anos de aprendizado, sua idéia de mundo foi abalada, ele quase pirou. Entrou em profunda crise existencial, deixando por dois anos de encontrar-se com Dom Juan, e decidir se continuava ou não.
Em abril de 1968, Castaneda retorna depois de superar essa crise, começando então, o Segundo Ciclo do Poder. Nessa fase trava conhecimento com o grupo de feiticeiros do qual fazia parte seu Benfeitor: Vicente, Sílvio, Benigno, Nestor, Pablito, Eligio, e o extraordinário Dom Genaro, que era um índio mazateca super brincalhão. Castaneda vive situações grotescas e até ridículas, por sua causa, a racionalidade, o que torna a leitura um desbunde de risos. Conceitos e representações de uma cosmovisão mítica fazem parte desse ciclo. Um deles, é que o meio mais eficaz de se viver, é como guerreiro; que a morte está a um braço de distância; a difícil, compreensão do "ver" dos feiticeiros; o confronto mortal com bruxa LaCatalina; a loucura controlada e o "parar o mundo". Que existem três tipos de seres da Natureza: os Silenciosos que nada podem oferecer ao homem; os Tenebrosos que estão sempre associados com os primeiros e cuja única qualidade é assustar; e o terceiro, são os "aliados", ou doadores de segredos. Esses podem habitar lugares como matas, olhos d'água, vales e morros, etc. O aliado também é explicado como um poder que o homem pode introduzir em sua vida para ajudá-lo e dar-lhe a força necessária, um Auxiliar para o bruxo.
VONTADE
Na visão dos feiticeiros os seres humanos são criaturas luminosas com aparência de um ovo, cheio de filamentos. O que nos torna infelizes é desejar; devemos reduzir a zero nossas necessidades. Ser pobre ou necessitado é apenas uma ideia, assim como também é o ódio, a fome e a dor. A vontade é um poder. Ela é clara e poderosa, pode dirigir os nossos atos. É o elo entre os homens e o mundo; é uma força, um poder dentro da gente capaz de fazer o feiticeiro atravessar um muro. Segundo Dom Juan, a Vontade se localiza na altura do umbigo.
As mais estranhas situações foram vividas por ele, como passar uma noite inteira sozinho no mato sendo atormentado por criaturas que lhe dava tapinhas na nuca. De olhos fechados, sua única defesa foi dobrar-se protegendo o umbigo com as mãos e ficar imóvel até o dia clarear. Experiências que forçavam um ato marcante e necessário para um aprendiz de feiticeiros: "parar o mundo". E só consegue atingir esse ponto quando se dá o misterioso encontro com seu aliado na forma de um coiote, que conversa com ele. Esse acontecimento mágico fez o mundo de Castaneda parar.
Estava aberto para ele o mundo da feitiçaria. Daí pra frente sua obra torna-se fantástica e quase incompreensível, mas isso fica para outro dia.
Cabe, lembrar que esse texto foi publicado originalmente em 1990, num dos jornais de Manaus, quando Castanêda ainda não tinha falecido.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O TENEBROSO SUBMUNDO PSÍQUICO

Quase todos os discursos religiosos se sustentam em esquemas éticos e morais, que visam uma determinada conduta, ou quem sabe , controle social. Não matar, não roubar, não mentir, não fazer aos outros o que não queremos para nós mesmos, e assim por diante. Temos dito que para buscar o domínio da natureza interior, é preciso, livrar-se ou ter controle dos apegos, paixões, vícios, e respectivas representações. A austeridade ritual de um yogue, ou de um eremita, é toda voltada para esse fim. E qual é a razão fundamental que está por trás de tais regimes? Qual a justificativa que podemos encontrar para tais atitudes? Para o cristão devoto a razão seria não praticar o mal para evitar o inferno, ir para o céu. Eu responderia de uma forma bem simples: não acumular lixo no universo interior. O inferno tão temido é na verdade o tenebroso submundo psíquico, alimentado e formado, pelo lixo psíquico, os resíduos das representações que criamos. O Inferno não ocupa espaço algum.
Esse reino das trevas não está no exterior, no centro da terra, ou em algum lugar do universo, mas sim um subterrâneo da consciência. Nesse subterrâneo habitam monstros, como os antigos simbolizavam os vícios, as paixões, os crimes, a animalidade, que por sua grande variedade, eram representados com várias cabeças. Dentre esses monstros, por ser o portador dessas qualidades ou ações negativas citadas, o Ego é o grande adversário do homem integral, ou real, nossa essência, por isso ë temido com o nome de Satã, palavra hebraica que significa "adversário". Muita gente acredita que Satã está fora de nós, sendo uma criatura com existência real, um deus pessoal, o inimigo de Deus, na visão maniqueísta dos protestantes, católicos, cristãos e muçulmanos, e na ideologia cinematográfica americana. Mas tanto Satã quanto o seu reino tenebroso, estão no espaço interior, o submundo psíquico.
Na literatura e na mitologia, desde a mais alta Antiguidade, através do mito do herói principalmente, encontramos indícios desse conhecimento. O minotauro era uma besta multiforme, metade humana e metade animal, que habitava num labirinto nos subterrâneos do castelo de Minos. Não existe outro simbolismo tão claro, a não ser o da Divina Comédia de Dante Alighieri, onde o inferno também é um subterrâneo, e ao mesmo tempo um labirinto em forma de espiral. Tal subterrâneo cheio de labirintos é a mente humana, e mergulhar conscientemente ou inconscientemente nessas regiões do subconsciente, estar entregue a si mesmo, é a famosa jornada ou viagem às regiões infernais. Atravessar o reino da obscuridade e vencer as representações foi o que fizeram Orfeu, Krishna, Maomé, Jesus Cristo. Dante, também nos oferece simbolicamente a única saída para sair ou vencer o Inferno psíquico. Sua fórmula é a de que devemos subir pelas costas de Satã, expressão estranha para a maioria. Na realidade o que ele pretendia dizer é que devemos fazer ao contrario dos desejos do Ego, o verdadeiro Satã, o Ego, é que leva ao roubo e ao crime, satisfeito seus desejos torna-se Satã, escravos de nossas representações.




sexta-feira, 20 de agosto de 2010

INTENSIFICAÇÃO DA CONSCIÊNCIA

“O Profeta Maomé viajou de Meca a Jerusalém em uma única noite em uma estranha criatura alada chamada Buraq. De Jerusalém, ele subiu ao céu, onde conheceu os profetas anteriores e, finalmente, Deus.” Wikipédia,Maomé

No ano de 1611 da era cristã, 27 de Rajab, um abastado caravaneiro árabe estava dormindo numa gruta próxima da cidade de Meca, quando ocorreu algo realmente extraordinário: o homem percebeu que seus olhos dormiam mais ele estava desperto, seu corpo continuava onde estava, mas se locomoveu como que em espírito. Esse árabe foi Maomé, que modificou totalmente o destino das dispersas tribos árabes. Pois na gruta do monte Hira ele viveu o Lailat-al-Miraj, ou a "Jornada Noturna”.
The Prophet travelled from Mecca to Jerusalem in a single night on a strange winged creature called Buraq.Durante o sono Maomé despertou diante de uma visão do Anjo Gabriel, que o levou em espírito numa viagem pelo outro mundo. Montado num estranho animal branco, metade mula e metade burro, com asas nos flancos, Maomé viajou através dos céus e do inferno, enquanto o seu corpo permanecia adormecido na gruta. O resto da história você já sabe, Maomé se considerou o último dos profetas e fundou uma religião. Mas para nós ele viveu uma ou várias experiências de viagem astral com o seu corpo sonhador, e ditou o Alcorão num estado de consciência intensificada.
Na Idade Média isso foi considerado algo divino, proeza somente para os profetas. Mas hoje é comum o desdobramento astral espontâneo ou desenvolvido por práticas de auto-observação, que consiste em se viver uma realidade desperta fora do corpo, quando estamos dormindo ou em transe. Não é exatamente um sonho, porque temos a consciência de que nosso corpo dorme, mas estamos acordados em algum lugar. Nessa experiência podemos ter a nossa consciência num outro corpo, e com este viver momentaneamente num outro mundo de mistérios. Pois está aberta uma janela, um portal, passagem para o mundo interior, o infinito. Não estou falando de teoria, ou dizendo que isso pode acontecer, mas sim de algo que acontece realmente, por experiência própria . Para que isso não pareça tão fantástico e inacreditável, devo dizer que o “desdobramento astral “ faz parte do discurso e prática do ocultismo , do esoterismo, do Kardecismo atual, denominado de “projeciologia” , por Valdo Vieira. Os mistérios do desdobramento consciente do ser humano, é o que se chama no ocultismo, saída consciente do corpo astral, e caracterizava o batismo nos templos egípcios. O rito era representado através do " sepultamento” do iniciado num túmulo durante certo tempo, durante o qual ele entrava em transe, ou numa morte aparente, enquanto seu duplo astral, o Ká, atravessava o umbral. Retornando ao corpo, ressuscitava para o mundo como Senhor dos Mistérios. Também e principalmente nas culturas primitivas, dos nossos Índios, é um mistério praticado pelo sacerdote, pajé ou xamã. Há uma diferença entre os sonhos normais e o "SONHAR" para o xamã. "Sonhar", significa para o sacerdote sair do corpo e ter um sonho consciente e ativo, enquanto o sonho das pessoas geralmente é passivo e inconsciente, não percebe se está sonhando ou está acordado. Todo feiticeiro, pajé, ou xamã, deve ter por iniciação o conhecimento do corpo sonhador, seu corpo sutil ou astral. E através dessa capacidade de desdobramento, aprende os segredos e propriedades das plantas que usam nas curas. É exatamente das comunidades primitivas de todos os povos do mundo, e em épocas diferentes que surgiram as plantas de poder, usadas pelos feiticeiros, pajés, para entrar em sintonia com os mundos interiores. Infelizmente o Capitalismo transformou algumas dessas plantas em “drogas” consumidas por ricos em “vazio existencial”, e criminosos para assaltar, roubar e matar, sem sentir nenhum sentimento moral ou ético, esvaziado de valores.
Semelhante conhecimento, das “plantas de poder”, usadas por sacerdotes, encontramos nos livros de Carlos Castaneda, parte dos ensinamentos de Dom Juan, um suposto velho índio Yaqui, sobre a arte de sonhar, os dois lados da consciência, com plantas alucinógenas usadas pelos índios da região de Sonora. Os livros de Castaneda não são uma apologia para uso de drogas, e sim relatos sobre o desenvolvimento da iniciação de um xamã, tendo ele como aprendiz do feiticeiro Don Juan. Castaneda descreve várias experiências com seu corpo sonhador, sem o uso de qualquer droga ou plantas de poder.
Há no Brasil duas entidades místicas que usam plantas de poder para o desenvolvimento pessoal e tratamento de doenças: o Santo Daime e a União do Vegetal. Também falo por experiência, do uso desse chá .
Um exemplo bem atual dessa capacidade do Xamã e seu corpo sonhador, descrito por Castaneda, tivemos no caso tão divulgado pela imprensa, do tratamento do cientista Augusto Ruschï, pelos chefes Raoni e o pajé Sapaim Kamaiura, do Xingu. Utilizando plantas medicinais e drogas alucinógenas, Raoni primeiramente sonhava, e seu corpo sonhador examinava, no sonho, para ver o estágio da doença no corpo do cientista. E através desses exames no astral, aplicava o tratamento.
Assim, temos em nós mesmo um vasto campo de observação. A projeção astral é uma experiência que podemos tentar praticar , e nos colocar diante do desconhecido diretamente, sem necessitar de máquinas. É o instrumental ideal para os ufólogos, religiosos, ateus, e pesquisadores da Parapsicologia. Todos aqueles que buscam campos avançados de investigação. Para isso basta um procedimento bem simples de atenção durante o estado de vigília e o de sono, ou outras técnicas que pode ser encontradas nos sites gnósticos . Pela observação, toda vez que você perceber algo de estranho, como um elefante voando, estátuas falando, e perceber que isso é estranho, como encontrar-se, falar com uma pessoa ou parente falecido, e não faz parte da nossa realidade cotidiana, vá discretamente para um local reservado e dê um saltinho, ou pulinho. Se você flutuar, terá a certeza de que está no seu corpo sonhador, no seu corpo astral. Faça essa experiência , que ela funciona mesmo.A partir daí, procure prolongar e manter-se no corpo sonhador e estabeleça objetivos, leia e estude.Há com certeza uma bibliografia imensa sobre esse assunto.


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

VAZIO EXISTENCIAL

Em 1990 a fome matava cinquenta mil pessoas a cada vinte e quatro horas, principalmente no terceiro mundo, em lugares como a Etiópia, onde um milhão morreu de fome no período de 1984-85, ou ainda a América Latina que deixava um milhão de crianças morrendo de fome por ano, ou Moçambique que perdia uma criança a cada quatro minutos. Entretanto, naquela época, numa nação rica onde a maioria das pessoas fazem até quatro refeições por dia, se tratava com a maior preocupação a possibilidade dos Estados Unidos já estarem de posse de discos voadores e hospedando secretamente seres extraterrestres.
Hoje, “em seus seis continentes, a terra tem algo em torno de 6 bilhões de pessoas. Estima-se que destes, quase 1 bilhão viva sob o flagelo da fome e outros 2,8 bi, abaixo da linha de pobreza.A África, o continente mais pobre, tem 220 milhões de pessoas em estado de sub-nutrição grave, ou seja, passando fome”. “Todos os anos cerca de 18 milhões de pessoas (50 mil por dia) morrem por razões relacionadas com a pobreza, sendo a maioria mulheres e crianças. Todos os anos cerca de 11 milhões de crianças morrem antes de completarem 5 anos.E 1 bilhão e 100 milhões de pessoas, cerca de um sexto da humanidade, vive com menos de 1 dólar por dia. Mais de 800 milhões de pessoas estão subnutridas”(wikipédia,pobreza).
A questão naquele ano, era o destaque dado por uma grande empresa de comunicação para uma informação patética, a de que os nossos contemporâneos americanos já estavam ansiosos pela salvação vinda dos céus, nem que seja em discos voadores. E com os extraterrestres um significado mais concreto para a existência humana. Pois até aqui vivemos em função de dois grandes apetites: o sexual, que nos trouxe até a população de cinco bilhões de indivíduos, isso até o dia 11 de julho do ano 1989, num ritmo de crescimento de duzentos milhões por dia. E o do estômago, que ceifava diariamente cinquenta mil, também naquele ano.
Nos reproduzimos gratuitamente como as baratas, ou qualquer outra criatura, vítimas de um comando imperativo da Natureza. Criamos a sociedade e as leis para acabar o estado de guerra de todos contra todos, para que o homem não fosse mais o lobo do homem. Mas persiste uma grande miséria, onde somos manipulados pelos sentidos numa total carência de significação. Nações pobres alimentam a riqueza e o luxo de nações ricas, como aconteceu na Antiguidade e na Idade Média, na colonização do continente americano, no colonialismo Europeu na África e na Ásia, os norte americanos, ou melhor dizendo, os ingleses americanos, tomando as terra e exterminando as nações indígenas de lá.
E é dessas nações ricas que partiu as primeiras notícias de assombrações tecnológicas, pois anjos e demônios não são o forte em nações protestantes, e nem espíritos e almas, para racionalistas impiedosos. Daí a razão para que as assombrações tradicionais costumeiras de anjos, demônios, e almas, cederem o lugar para fantasmas de naves extraterrestres, num mundo racionalista e pré-tecnológico. De repente, como na Idade Média, onde havia pessoas religiosas que guardavam relíquias dos santos, desde penas de anjos, cinzas de Sodoma e Gomorra, pedaços de tábuas da Arca de Noé, pedaços da Cruz onde Cristo foi pregado, hoje se observa o mesmo comportamento no que diz respeito a discos voadores, fadas, sereias: são gravações de sons de discos voadores, fotos, filmes, vídeos, fragmentos metálicos de naves, substâncias estranhas etc. Nos tempos medievais, havia tantos fragmentos da cruz de Jesus Cristo espalhados pela Europa, que dava para fazer uma floresta de Cruzes. Da mesma maneira, creio eu, há tanto fragmento de naves espalhadas, que dá para fazer um disco voador inteiro. Assim como as relíquias não são fundamentais para o cristianismo, também essas relíquias ufológicas não têm tanta importância, ainda mais agora, quando correm boatos, lendas urbanas da internet de que os americanos já possuem um ou vários discos voadores intactos, que teriam até feito acordos com ETs. E daí? O que isso significa concretamente se for realmente verdade? O que mudará no rumo das nossas existências? Não é diferente dos que esperam a volta de Jesus.
Não significará praticamente nada em relação ao que se espera dos extraterrestres. O que nos serve constatar que há outros seres mortais no Universo, e ainda por cima falhos e azarados, se utilizando de máquinas para voar? Esses Ets são tão tolos e estúpidos quanto temos sido nestes últimos séculos. Fantoches num mundo misterioso. E o que é pior, confirmada uma notícia dessa natureza, serão considerados rivais novos na disputa pelo espaço exterior, pois até aqui, todo o Universo nos pertence por herança divina, nós que somos a imagem do Criador. Russos e americanos disputava naquela época uma corrida espacial, numa conquista de território fora da Terra.
Não quero ser radical para a discussão ufológica. Meu enfoque para o problema é existencial. O que nos leva ao interesse pêlos chamados discos voadores, para outras loucuras contemporâneas como torcer por times de futebol, disputas internacionais, que atrai a atenção de bilhões de seres humanos, o intenso consumo de todos os tipos de drogas, o fanatismo crescente de cristãos e muçulmanos. Tudo isso me parece grandes alienações, gerado por um grande vazio existencial, um buraco negro em nossas vidas, um vazio de significado, não preenchido pelas ciências nem pelas instituições religiosas.
São fenômenos que ofuscam a razão, e que para nós são irracionais, nos remetendo para um lado misterioso de nossa consciência. De nada nos serve encontrar um homem do espaço, vindo de um outro planeta, se ele é como nos mesmos, ignorante de significados existenciais. Que existem seres extraterrestres, isso deve haver sem sombra de dúvida, mas não significa um avanço para a humanidade. E gerar filhos acreditando que a humanidade tem algum projeto, além de ir pra o céu ou um dos sete céus, esperando a volta de Jesus , Buda ou Maomé, também não é diferente.
O que nos importa é conhecer o nosso significado existencial, nosso papel na economia da Natureza. Afinal para que servem os humanos?
Trazer pedrinhas e poeira da Lua, ir até Marte, mandar sondas para fora do Sistema Solar, não significa avanço revolucionário para a humanidade. Aliás, nossa raça é tão velha que não duvido nem um pouco da possibilidade de que outras civilizações humanas existiram antes da nossa, e desapareceram como corremos o risco desaparecer, diante de tanta tecnologia destrutiva, e existencialmente falando, completamente inúteis.
Realmente revolucionário é o trabalho difícil dos exploradores da consciência, sejam eles religiosos, ocultistas, espíritas, gnósticos, teósofos e cientistas, unidos na mesma busca do outro lado da consciência humana. Homens como Gurdjieff, Ouspensky, Robert A. Monroe, Sylvan, J. Muldoon e Hereward Carrington, Carlos Castaneda, Chico Xavier, Waldo Vieira, que buscam explorar um Universo real e concreto, habitado por seres, mundos , e realmente nos ajudar a entender o que somos.E superar o vazio existencial.


sábado, 14 de agosto de 2010

INVENTANDO O INFERNO

De ser natural, preso a uma cadeia alimentar, competindo com os outros animais, dentro da lei natural – devorar e ser devorado – o ser humano tornou-se ao longo de milhares ou milhões de anos, um ser cultural. A revolução humana se deu pela extensa produção cultural, dominando a produção do fogo, erguendo-se sobre os membros inferiores, e desenvolvendo habilidades com as mãos, praticando a industria. Mas, o que é mesmo, a CULTURA?
Cultura é tudo o que produzimos em nossa relação com a Natureza, com o trabalho. Assim, os seres humanos modificam a Natureza, e a si mesmos com o trabalho. Daí, só existe duas maneiras de ver o mundo em que vivemos: o que é natural e o que é cultural. Em nós mesmo, o que ainda é natural? Partindo de comunidades tribais familiares, passando pelo escravismo de fato, até o Capitalismo, o saldo das sociedades humanas foi o distanciamento do que é natural, para o cultural.
Como seres culturais, somos totalmente dependentes da sociedade, das ciências e dos modelos econômicos. Em algum momento dessa trajetória dos seres que se dizem “humanos” ou pensantes, inteligentes, aconteceu uma ruptura da consciência com a Natureza , que ficou registrada no inconsciente coletivo da humanidade. É essa a idéia do Re-ligar ou re-ligação, da palavra latina “religião” sob o aspecto esotérico. Perdemos a sintonia com a Natureza, nossa origem e sentido de nossas existências. Nas tradições religiosas, uma geração de cegos. No poema épico Mahabharata, Dhritarashtra é o velho rei cego que não consegue evitar os filhos violentos no caminho do erro e da grande guerra. Na tradição bíblica Isaque fica cego, sendo enganado pelo filho mais novo Jacó. O nome de Isaque nos remete aos reis sumerianos , uma geração rizonha e feliz do passado. Não é uma pessoa, mas uma geração mítica que ficou cega, perdeu a visão, a ligação com a natureza , com a divindade, com as origens.


Religião, no sentido esotérico é uma busca pessoal, interior, dos humanos com as origens – na linguagem popular, com a Divindade. Conectar-se com o absoluto, entender o sentido da existência. Com certeza, nos últimos milhares de anos, homens e sociedades secretas, já descobriram alguns caminhos para isso, com sucesso. Então, qual é o problema?





Acontece que a cultura, nas diversas expressões da vida humana em sociedade, tornou-se um instrumento de poder, de escravidão , de exploração, em nome da sobrevivência, pelos poderes econômicos, que passaram a usar os discursos políticos, religiosos e ideológicos para o controle social, que tornou possível a alienação. O objetivo da vida passou a ser o hedonismo, o prazer. A medicina contemporânea trabalha para o prolongamento e a qualidade de vida das pessoas a peso de ouro. Bilhões de seres humanos se reproduzem, como bestas sem raciocínio, sem saber exatamente para quê servem na economia da Natureza. Milhões de animais são mortos impiedosamente para nos alimentar. Somos carnívoros? Não ! É uma invenção, é CULTURAL. Seres de carne, alimentando-se de carne. No Livro apócrifo de Enoque, excluído da Bíblia, é colocado como uma abominação ensinada pelo grupo de “anjos “ de Samael.
Acumular riqueza, buscar “qualidade de vida” e viver o máximo possível – a qualquer preço –exterminando os animais, vegetais, e não percebendo isso, tornou possível aos seres humanos concretizar um pesadelo imaginário, dantesco : o INFERNO. Um lugar de pesadelo, de abominações, cheio de demônios, onde estaria aprisionado Satanás, Senhor desse lugar reservados aos condenados dos Cristianismo e do Islamismo. Somente a INCONSCIÊNCIA, a alienação e a ignorância profunda, não deixa as pessoas perceberem, que finalmente criamos de fato, o INFERNO: assassinos rodam a madrugada assaltando e invadindo casas, e matando; pedófilos, necrófilos ; políticos, advogados, policiais e juízes, gananciosos e corruptos; rios e igarapés mortos cheios de fezes e lixo; mulheres abortando e jogando fetos no lixo e nos igarapés. Você já reparou que Manaus é uma cidade cheia de bosteiros? São igarapés cheios de fezes como os do inferno imaginado por Dante na “Divina Comédia”. Uma lixeira de quarenta quilômetros despercebida por uma população sonâmbula que odeia a Natureza inconscientemente.



A mesma opção inconsciente que nossa geração escolheu nas últimas décadas, o suicídio coletivo, global. Uma grande colheita maldita, para realimentar a terra do desgaste provocado pelo esforço de sustentar bilhões de seres , que nada dão em troca de suas vidas miseráveis. Embora, isso não represente de modo algum o fim da humanidade, porque sem dúvida alguma outras humanidades já erraram e foram destruídas, e começaram tudo de novo. A questão é perceber o que somos, o que queremos nessa aventura chamada vida. Combater a inconsciência e despertar para a religação com o absoluto.
Mas não é tão simples assim. Porque caminho e a descoberta não é uma experiência coletiva, mas completamente individual e uma conspiração num mundo de adormecidos.

domingo, 1 de agosto de 2010

GNOSE: Inconsciência e Alienação


Imagine um lugar onde seus moradores estão permanentemente adormecidos, mas conseguem agir como acordados, trabalham, alimentam-se, reproduzem-se, vivem correndo como loucos dentro de máquinas ou montados nelas. Não sabem onde estão, o que são e para onde vão, ou para que servem dentro da Natureza do seu mundo. Esse mundo povoado de sonâmbulos é o nosso. Isso é o que chamamos de INCONSCIÊNCIA na Gnose.
Milhões de criaturas, os outros animais, que deveriam ser nossos aliados, são transformados em comida todos os dias. Bilhões de seres humanos sonâmbulos, continuam se reproduzindo sem saber exatamente para quê.Vivem desesperadamente, buscando aproveitar a vida enquanto podem, porque a morte é certa. A morte se apresenta como um abismo enorme, e tornou-se uma forma de pornografia explorar o mórbido, as atrocidades que ocorrem nesse inferno criado pelos humanos. Inventamos vampiros, porque lá no fundo do inconsciente, sabemos que somos uma civilização de vampiros comedores de carcaças. O Diabo, como ser maligno é o ganha-pão, dos profissionais das grandes religiões, que leva a culpa por todas as taras e crimes. É o nosso lado sombrio que procuramos ignorar, que está dentro de nós.
Numa sociedade baseada no consumo e acumulação da riqueza – ou CAPITAL, aparece o jogo de interesses em vários discursos – ou representações do mundo, que se presta a exploração na luta de classes, são as IDEOLOGIAS, que aliena e escraviza. As florestas, os rios, os animais, tudo está sendo consumido para que bilhões de seres humanos possam viver disputando espaço e comida. Ora, a inconsciência - estar adormecido- não nos deixa perceber que esse mundo é predador. Nossa utilidade básica é ser COMIDA também.

É essa leitura do mundo, da cultura do ocultismo, que pretendo registrar daqui pra frente, não para trazer o desespero ou o medo, mas a esperança e a busca que cada um pode acrescentar em sua vida. É preciso DESPERTAR, mesmo.