quarta-feira, 18 de agosto de 2010

VAZIO EXISTENCIAL

Em 1990 a fome matava cinquenta mil pessoas a cada vinte e quatro horas, principalmente no terceiro mundo, em lugares como a Etiópia, onde um milhão morreu de fome no período de 1984-85, ou ainda a América Latina que deixava um milhão de crianças morrendo de fome por ano, ou Moçambique que perdia uma criança a cada quatro minutos. Entretanto, naquela época, numa nação rica onde a maioria das pessoas fazem até quatro refeições por dia, se tratava com a maior preocupação a possibilidade dos Estados Unidos já estarem de posse de discos voadores e hospedando secretamente seres extraterrestres.
Hoje, “em seus seis continentes, a terra tem algo em torno de 6 bilhões de pessoas. Estima-se que destes, quase 1 bilhão viva sob o flagelo da fome e outros 2,8 bi, abaixo da linha de pobreza.A África, o continente mais pobre, tem 220 milhões de pessoas em estado de sub-nutrição grave, ou seja, passando fome”. “Todos os anos cerca de 18 milhões de pessoas (50 mil por dia) morrem por razões relacionadas com a pobreza, sendo a maioria mulheres e crianças. Todos os anos cerca de 11 milhões de crianças morrem antes de completarem 5 anos.E 1 bilhão e 100 milhões de pessoas, cerca de um sexto da humanidade, vive com menos de 1 dólar por dia. Mais de 800 milhões de pessoas estão subnutridas”(wikipédia,pobreza).
A questão naquele ano, era o destaque dado por uma grande empresa de comunicação para uma informação patética, a de que os nossos contemporâneos americanos já estavam ansiosos pela salvação vinda dos céus, nem que seja em discos voadores. E com os extraterrestres um significado mais concreto para a existência humana. Pois até aqui vivemos em função de dois grandes apetites: o sexual, que nos trouxe até a população de cinco bilhões de indivíduos, isso até o dia 11 de julho do ano 1989, num ritmo de crescimento de duzentos milhões por dia. E o do estômago, que ceifava diariamente cinquenta mil, também naquele ano.
Nos reproduzimos gratuitamente como as baratas, ou qualquer outra criatura, vítimas de um comando imperativo da Natureza. Criamos a sociedade e as leis para acabar o estado de guerra de todos contra todos, para que o homem não fosse mais o lobo do homem. Mas persiste uma grande miséria, onde somos manipulados pelos sentidos numa total carência de significação. Nações pobres alimentam a riqueza e o luxo de nações ricas, como aconteceu na Antiguidade e na Idade Média, na colonização do continente americano, no colonialismo Europeu na África e na Ásia, os norte americanos, ou melhor dizendo, os ingleses americanos, tomando as terra e exterminando as nações indígenas de lá.
E é dessas nações ricas que partiu as primeiras notícias de assombrações tecnológicas, pois anjos e demônios não são o forte em nações protestantes, e nem espíritos e almas, para racionalistas impiedosos. Daí a razão para que as assombrações tradicionais costumeiras de anjos, demônios, e almas, cederem o lugar para fantasmas de naves extraterrestres, num mundo racionalista e pré-tecnológico. De repente, como na Idade Média, onde havia pessoas religiosas que guardavam relíquias dos santos, desde penas de anjos, cinzas de Sodoma e Gomorra, pedaços de tábuas da Arca de Noé, pedaços da Cruz onde Cristo foi pregado, hoje se observa o mesmo comportamento no que diz respeito a discos voadores, fadas, sereias: são gravações de sons de discos voadores, fotos, filmes, vídeos, fragmentos metálicos de naves, substâncias estranhas etc. Nos tempos medievais, havia tantos fragmentos da cruz de Jesus Cristo espalhados pela Europa, que dava para fazer uma floresta de Cruzes. Da mesma maneira, creio eu, há tanto fragmento de naves espalhadas, que dá para fazer um disco voador inteiro. Assim como as relíquias não são fundamentais para o cristianismo, também essas relíquias ufológicas não têm tanta importância, ainda mais agora, quando correm boatos, lendas urbanas da internet de que os americanos já possuem um ou vários discos voadores intactos, que teriam até feito acordos com ETs. E daí? O que isso significa concretamente se for realmente verdade? O que mudará no rumo das nossas existências? Não é diferente dos que esperam a volta de Jesus.
Não significará praticamente nada em relação ao que se espera dos extraterrestres. O que nos serve constatar que há outros seres mortais no Universo, e ainda por cima falhos e azarados, se utilizando de máquinas para voar? Esses Ets são tão tolos e estúpidos quanto temos sido nestes últimos séculos. Fantoches num mundo misterioso. E o que é pior, confirmada uma notícia dessa natureza, serão considerados rivais novos na disputa pelo espaço exterior, pois até aqui, todo o Universo nos pertence por herança divina, nós que somos a imagem do Criador. Russos e americanos disputava naquela época uma corrida espacial, numa conquista de território fora da Terra.
Não quero ser radical para a discussão ufológica. Meu enfoque para o problema é existencial. O que nos leva ao interesse pêlos chamados discos voadores, para outras loucuras contemporâneas como torcer por times de futebol, disputas internacionais, que atrai a atenção de bilhões de seres humanos, o intenso consumo de todos os tipos de drogas, o fanatismo crescente de cristãos e muçulmanos. Tudo isso me parece grandes alienações, gerado por um grande vazio existencial, um buraco negro em nossas vidas, um vazio de significado, não preenchido pelas ciências nem pelas instituições religiosas.
São fenômenos que ofuscam a razão, e que para nós são irracionais, nos remetendo para um lado misterioso de nossa consciência. De nada nos serve encontrar um homem do espaço, vindo de um outro planeta, se ele é como nos mesmos, ignorante de significados existenciais. Que existem seres extraterrestres, isso deve haver sem sombra de dúvida, mas não significa um avanço para a humanidade. E gerar filhos acreditando que a humanidade tem algum projeto, além de ir pra o céu ou um dos sete céus, esperando a volta de Jesus , Buda ou Maomé, também não é diferente.
O que nos importa é conhecer o nosso significado existencial, nosso papel na economia da Natureza. Afinal para que servem os humanos?
Trazer pedrinhas e poeira da Lua, ir até Marte, mandar sondas para fora do Sistema Solar, não significa avanço revolucionário para a humanidade. Aliás, nossa raça é tão velha que não duvido nem um pouco da possibilidade de que outras civilizações humanas existiram antes da nossa, e desapareceram como corremos o risco desaparecer, diante de tanta tecnologia destrutiva, e existencialmente falando, completamente inúteis.
Realmente revolucionário é o trabalho difícil dos exploradores da consciência, sejam eles religiosos, ocultistas, espíritas, gnósticos, teósofos e cientistas, unidos na mesma busca do outro lado da consciência humana. Homens como Gurdjieff, Ouspensky, Robert A. Monroe, Sylvan, J. Muldoon e Hereward Carrington, Carlos Castaneda, Chico Xavier, Waldo Vieira, que buscam explorar um Universo real e concreto, habitado por seres, mundos , e realmente nos ajudar a entender o que somos.E superar o vazio existencial.


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