Esse reino das trevas não está no exterior, no centro da terra, ou em algum lugar do universo, mas sim um subterrâneo da consciência. Nesse subterrâneo habitam monstros, como os antigos simbolizavam os vícios, as paixões, os crimes, a animalidade, que por sua grande variedade, eram representados com várias cabeças. Dentre esses monstros, por ser o portador dessas qualidades ou ações negativas citadas, o Ego é o grande adversário do homem integral, ou real, nossa essência, por isso ë temido com o nome de Satã, palavra hebraica que significa "adversário". Muita gente acredita que Satã está fora de nós, sendo uma criatura com existência real, um deus pessoal, o inimigo de Deus, na visão maniqueísta dos protestantes, católicos, cristãos e muçulmanos, e na ideologia cinematográfica americana. Mas tanto Satã quanto o seu reino tenebroso, estão no espaço interior, o submundo psíquico.
Na literatura e na mitologia, desde a mais alta Antiguidade, através do mito do herói principalmente, encontramos indícios desse conhecimento. O minotauro era uma besta multiforme, metade humana e metade animal, que habitava num labirinto nos subterrâneos do castelo de Minos. Não existe outro simbolismo tão claro, a não ser o da Divina Comédia de Dante Alighieri, onde o inferno também é um subterrâneo, e ao mesmo tempo um labirinto em forma de espiral. Tal subterrâneo cheio de labirintos é a mente humana, e mergulhar conscientemente ou inconscientemente nessas regiões do subconsciente, estar entregue a si mesmo, é a famosa jornada ou viagem às regiões infernais. Atravessar o reino da obscuridade e vencer as representações foi o que fizeram Orfeu, Krishna, Maomé, Jesus Cristo. Dante, também nos oferece simbolicamente a única saída para sair ou vencer o Inferno psíquico. Sua fórmula é a de que devemos subir pelas costas de Satã, expressão estranha para a maioria. Na realidade o que ele pretendia dizer é que devemos fazer ao contrario dos desejos do Ego, o verdadeiro Satã, o Ego, é que leva ao roubo e ao crime, satisfeito seus desejos torna-se Satã, escravos de nossas representações.
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