Místicos de várias escolas esotéricas, como os gnósticos antigos e modernos, pessoas treinadas, ou mesmo como capacidade natural, realizam verdadeiras jornadas noturnas num mundo de sonho e magia. Dentre os viajantes astrais mais conhecidos temos Oliver Fox, Sylvan Muldoon, Robert Monroe, o Dr. Waldo Vieira. Esses dois últimos representam dois pólos, duas visões do fenômeno. Monroe montou uma espécie de laboratório e equipamentos sonoros que possibilitam o desdobramento. Escreveu dois livros onde relata sua experiência: "Viagens fora do corpo" e "Viagens além. do Universo”, bem como sua maneira de interpretar o fenômeno. O mais interessante desse explorador dos mundos internos é o fato dele conseguir continuidade entre suas viagens.
O segundo é um médico brasileiro, fundamentalmente kardecista, sustentando a tese espírita de que podemos abandonar temporariamente o corpo físico, em vida. Para Alan Kardec, fundador do espiritismo, dormir é como morrer todas as noites, daí ser possível visitar o mundo espiritual. Waldo Vieira também escreveu dois livros sobre o assunto, "Projeções da Consciência" e "Projeciologia". Também fundou um Instituto Internacional de Projeciologia, acreditando firmemente tratar-se de uma nova ciência. Ao contrário de Monroe, seu método é natural e quase religioso, pois conta com o auxílio de entidades espíritas. Mas pelo que podemos observar em seu primeiro livro, suas experiências não possuem continuidade como as de Robert Monroe.
Entre os povos que vivem em regime de comunidade primitiva, as tribos da Sibéria, e das Américas, das ilhas do Pacífico, seus sacerdotes partilhavam dessa capacidade de bilocação. Os Xamãs, os Pajés, eram iniciados na arte de sair em astral. Entre as tribos brasileiras é a característica principal da "pajelança", como podemos observar na série "Xingu", da Manchete, bem como o relato do cacique Raoni.
Por outro lado, hindus, gregos e latinos, relatam visitas aos céus, aos infernos. Homero descreve á visita de Ulisses ao mundo das sombras, encontrando-se com o espectro de sua falecida mãe. Platão escreveu na sua "República", sobre a visão de Er, que deve ter tido algo semelhante ao que ocorre em nossos dias, morreu clinicamente, tido por morto, voltou a si já estendido na pira funerária, pronto para ser cremado. O fato é que durante o tempo em que esteve "morto" ou desacordado, Er viu os céus e os infernos.
Também o poeta romano Virgílio descreve a visita de Enéias ao mundos sombrio dos manes. O mesmo se repete na Divina Comédia de Dante Alighieri, que trata exclusivamente de descrever tais experiências, com humor e ressentimento contra seus inimigos, já que os coloca todos no inferno.
No lado muçulmano da Idade Média encontramos o futuro profeta Maomé iniciando sua aventura religiosa com uma viagem astral na companhia de Anjo Gabriel, também visitando os céus e os infernos. Mas é na índia que o fenômeno tem sua antiguidade dilatada a aceitação natural, sem rodeios e a importância que damos hoje.Entre os seguidores do movimento Hare Krishna, é possível viajar a outros planetas, como relata o falecido Swami Prabhupada em seus livros. Mais eles não a praticam por não achar importante.
A popularização da chamada viagem astral, a possibilidade de uma parte de nós se desprender e aventurar-se por outras dimensões, surge de vários setores. Cientistas estudam o sono e o controle dos sonhos com lucidez, e na tanatologia se busca estudar a morte clínica, isto é, pessoas que relatam as sensações da morte e as visões que tiveram durante o tempo que aparentemente morreram, como o grego Er.
Na literatura, em "Brumas de Avalon", e nos livros do antropólogo americano Carlos Castaneda, a arte de sonhar conscientemente é tratada com naturalidade. E até no campo da Ufologia, isto é, na caça dos discos voadores e extraterrestres, a viagem astral aparece como uma capacidade perdida pelos humanos da terra, segundo as palavras de um suposto extraterreno famoso no Brasil, chamado Karran, relatado no programa do falecido Flávio Cavalcante.
O casal Hermínio e Bianca Reis tiveram um contato do Terceiro Grau, com Karran, em que ficaram 48 horas dentro do que eles pensaram ser um espaçonave vinda de um planeta chamado Klemerr, tendo como comandante o referido extraterrestre. O fato. é que eles aprenderam uma "técnica de saída e retorno consciente da matéria", e passaram a oferecer um cursinho para quem desejasse aprender.
Outro ufólogo famoso do Brasil, Alfredo Moacyr Uchoã, já falecido, trafegava pelo mesmo caminho nas viagens pelo astral. Em seus livros, principalmente "Mergulho no Hiperespaço", relata experiências numa dimensão paralela, visitando outros planetas e seus habitantes, entre eles Yasha-avi.
Também não podemos esquecer o cinema americano que está explorando esse mistério, pelo seu lado negativo, em filmes como "A Hora do Pesadelo". A razão do sucesso desse filme não é o monstro assassino com dedos de navalha, Fred Kruger. Talvez os críticos acreditem nisso. Mas o que choca as platéias é a possibilidade dos sonhos conscientes, onde tudo parece real. O exagero desses filmes, transformados em série de televisão nos Estados Unidos, é o perigo inexistente nessa dimensão. Existe um lado tenebroso nas "viagens astrais", onde podemos realmente ser assaltados por monstros ou coisas que temos medo, e isso é chamado de "guardião do umbral", ou acontecer de entrar numa região infernal. Isso acontece com os viciados em drogas, as maiores vítimas de monstros astrais, o que a ciência chama de alucinações.
Mas alguns filmes de menor sucesso abordam a coisa numa linguagem de encantamento e magia, como "Explorers:Viagem ao mundo dos sonhos", e "A História sem fim", e são muito mais autênticos. Também em “Labirinto, a magia do tempo”, se passa durante um sonho de uma adolescente.
. Na literatura infantil, se você observar melhor, verá que até alguns contos famosos relatam, aventuras num mundo astral. É o caso de Peter Pan e os meninos perdidos, que vivem na "terra do nunca", onde voam e convivem com as fadas, e o tempo parece não existir. Também "Alice no país das maravilhas", do matemático Lewis Carroll, se desenrola num mundo mágico onde tudo é possível.
De todos os lados encontramos informações que apontam um fenômeno universal, demonstrando que há um espaço na consciência, ignorado e por explorar. Cientistas, leigos, místicos e "viajantes astrais", possuem em comum uma mesma preocupação em desvendar o que seria realmente essa coisa mágica e aterradora. Alguns, é claro, já possue a resposta que acredita, de acordo com suas crenças religiosas, vítimas de uma clareza comprometida.
Os Espíritas Kardecistas dizem que o espírito saí do corpo durante o sono, só que não conseguimos nos lembrar. As escolas esotéricas tratam com uma seriedade exagerada, e muitas fazem disso um segredo para poucos iniciados. Para os gnósticos o corpo astral é apenas um dos corpos que possuímos. Através dessas entradas, “viagens” numa quarta dimensão; o adepto pode colher informações diretamente da Natureza.
Isso como teoria não é novidade, pois é o mesmo que diz Platão sobre o "mundo das ideias". Para cientistas como Susan J. Blackmore, é algo que devem ser investigado. Por sua vez, o famoso Carl Sagan, também já falecido, dizia que é perda de tempo tratar de discos voadores, horóscopo, a viagens astrais, etc.
Pessoalmente, acredito que o mais importante argumento de defesa do fenômeno é a experiência pessoal, de cada um de nós. É monstruoso criticar ou discordar por pura ignorância, por preconceitos científicos ou religiosos. Existem várias técnicas, métodos experimentados pelos que passaram pelo fenômeno. Acho que estamos aprendendo a comandar capacidades adormecidas, esquecidas pelo desuso, colocadas de lado por preconceito, ou por ignorância de sua existência.
Se a humanidade descobrir algo novo e prático nas “viagens noturnas’. isso seria realmente um grande passo para o homem.